domingo, 20 de novembro de 2011

Machismo na trama, violência na vida real.

Ontem saí para um show de uma banda hardcore punk. Claro que o visual do público impressiona os leigos: roupas pretas e muita extravagância com uma boa pitada de aparente desleixo. Aparente porque na verdade pode-se chamar de "liberdade dos elementos representativos para negar a moda vigente". Contestar os valores aceitos socialmente: essa é a regra! Eu mesma fui com um preto qualquer e joguei acessórios sem culpa, meu companheiro pegou a camisa preta mais radical e colocou aquela calça rasgada que ele se nega a vestir para o trabalho, por motivos óbvios. O visual é violento em resposta a uma sociedade muito mais violenta com os jovens. Som pesado como a vida de muitos trabalhadores e letras extremamente críticas e contestadoras....é, estaria bem a vontade!                      

Qual não foi a surpresa quando os caixas eletrônicos não funcionam depois das 22 horas, essa eu não sabia (maldita FEBRABAN). Resultado: fomos com a cara e o cartão de crédito nas mãos...na bilheteria nada feito, só em dindim ao vivo e a cores. Fomos parar em uma pizzaria para saciar meu desejo de algo bem suculento na madrugada. Rodamos muito pra achar uma pizzaria que não estivesse fechando, e já perto de casa, qual não foi mais uma surpresa quando avistamos uma pizzaria aberta, em pleno funcionamento e lotada. Chegando ainda na calçada da pizzaria meu companheiro me olha meio estranho e diz "só tem macho bombado". Isso mesmo, muitos jovens em sua maioria homens assistindo o tal UFC. O clima estava tenso. Muita gritaria de "vai, vai, vai", "soca ele", "bate, bate, bate mais" e até "dá uma dedada nele" saiu! Onde eu vim parar?

Mas o pior ainda estava por vir, quando o tal preferido do público, Maurício Shogun, não levou a vitória.

É... depois de assistir meio angustiada tamanha violência e brutalidade, em que o barato é socar a cabeça do adversário até sei lá quando, na mesa ao lado um ignorante, estúpido e covarde rapaz joga uma caixa de fósforo na namorada, ainda não se dando por satisfeito jogou também a caixa de cigarros nela e como bom covarde que é, saiu e deixou a namorada na mesa humilhada. Essa eu não assisti pois estava de costas mas fiquei indignada com o relato que ouvi do meu companheiro.

Fico pensando: isso ainda é chamado de esporte? Movimenta muita grana pois arrasta uma legião de garotos que ficam com os nervos a flor da pele e empolgadíssimos com o sangue derramado, em que o espetáculo é bater, bater e bater. Estímulo puro à violência.

Estou preocupada com essa nova moda importada dos EUA. O UFC já ganhou espaço até na telenovela, onde na trama um bem sucedido lutador, gente boa porém apaixonado por uma piriguete, interpretada por Carolina Dieckmann, que foi capaz de abandonar o próprio filho por almejar apenas dinheiro. Fico preocupada se na vida real, esses jovens, além de estimulados à violência pela violência são também estimulados a olhar pra suas companheiras como piriguetes, que por assim serem, não são dignas de respeito....Que situação essa posta para nós mulheres nessa nova modalidade de "esporte"!

Triste, não?

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